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Como Dominar a Projeção de Fluxo de Caixa na Farmácia

  • Foto do escritor: Vem Cartão descontos
    Vem Cartão descontos
  • 7 de dez.
  • 5 min de leitura

Onde está o dinheiro da sua farmácia daqui a 60 dias?


Em um mercado farmacêutico cada vez mais dinâmico e competitivo, com a ascensão do e-commerce, a complexidade dos programas de fidelidade (PBMs) e a pressão por preços, a gestão financeira precisa ser cirúrgica. A sobrevivência e o crescimento de uma farmácia dependem de uma visão clara do futuro. É nesse cenário que a Projeção de Fluxo de Caixa (PFC) se estabelece não apenas como um relatório, mas como a principal ferramenta de inteligência estratégica do gestor.


A Projeção de Fluxo de Caixa é o exercício de estimar todas as entradas e saídas de dinheiro que ocorrerão na farmácia em um período futuro determinado.


Diferentemente do Fluxo de Caixa Realizado, que apenas registra o que já aconteceu, a PFC é uma bússola que permite ao gestor antecipar cenários, tomar decisões preventivas e, o mais importante, transformar dados passados em poder de negociação e planejamento.


Projeção de Fluxo de Caixa: Do Conceito à Estratégia


Para que a projeção seja eficaz, é fundamental entender sua base conceitual. A PFC opera sob o Regime de Caixa, o que significa que ela considera o momento em que o dinheiro efetivamente entra ou sai da conta da farmácia, e não o momento em que a venda ou a compra foi gerada (Regime de Competência).


É crucial diferenciar a Projeção de Fluxo de Caixa (PFC) do Fluxo de Caixa Realizado. Enquanto o Realizado é um registro do passado, focado em medir o desempenho histórico, a PFC é voltada para o futuro, servindo como uma ferramenta de antecipação e planejamento estratégico. Ambas operam sob o Regime de Caixa, ou seja, registram o dinheiro no momento em que ele efetivamente entra ou sai, mas a PFC é a que realmente oferece valor ao gestor, permitindo otimizar o capital de giro e evitar surpresas.


A principal vantagem de dominar a PFC é a capacidade de antecipar o descasamento de caixa, que é a diferença entre o prazo de pagamento a fornecedores e o prazo de recebimento das vendas. Em um setor com alta dependência de vendas a prazo (cartões, convênios), esse descasamento é a principal causa de problemas de liquidez.


As Novas Variáveis do Caixa na Era Digital


A digitalização do varejo farmacêutico trouxe novas complexidades para a projeção. O gestor moderno precisa ir além das vendas no balcão e considerar as variáveis que impactam o timing dos recebimentos:


1. O Desafio do D+X (Prazo de Recebimento)

As vendas por cartão de crédito, débito, e-commerce e aplicativos de delivery não resultam em dinheiro imediato. O prazo de recebimento (D+X, onde X é o número de dias) varia significativamente.


•Ação Estratégica: A projeção deve detalhar os recebíveis por data de crédito. Um sistema de gestão integrado é crucial para automatizar essa previsão, considerando as taxas e os prazos de cada operadora. Ignorar o D+X é o erro mais comum que leva a um caixa superestimado.


2. PBMs e Convênios


Os Programas de Benefício em Medicamentos (PBMs) e convênios empresariais representam uma fatia importante do faturamento, mas seus prazos de repasse costumam ser longos e, por vezes, imprevisíveis.


•Ação Estratégica: Adote uma projeção conservadora para esses recebíveis. Baseie-se no histórico de pagamento mais lento e mantenha uma reserva de segurança para cobrir eventuais atrasos, garantindo que a farmácia não dependa desse dinheiro para despesas de curto prazo.


3. Automação e Dados em Tempo Real


A Farmácia exige um sistema de gestão (ERP) que integre o Ponto de Venda (PDV), o estoque e o financeiro. A precisão da PFC depende da qualidade e da pontualidade dos dados lançados.


•Ação Estratégica: Utilize a tecnologia para lançar automaticamente todas as despesas fixas e variáveis recorrentes. A projeção manual é lenta, sujeita a erros e não permite a agilidade necessária para a tomada de decisão.


O Passo a Passo para uma Projeção Imbatível


Uma projeção robusta é construída em etapas claras e disciplinadas:


Passo 1: Defina o Horizonte e a Frequência


A frequência ideal para a PFC é diária (para acompanhamento) e mensal (para planejamento). O horizonte de tempo deve ser de, no mínimo, três a seis meses, permitindo a visualização de ciclos de compras e sazonalidades (como o aumento de vendas em épocas de gripe ou o 13º salário).


Passo 2: Projete as Entradas (Receitas)


Use o histórico de vendas como base, mas aplique fatores de correção:


1.Vendas a Prazo: Projete os recebíveis de cartões e convênios com base nas vendas já realizadas e nos prazos de D+X.


2.Vendas Futuras: Estime as vendas futuras com base na média histórica, ajustando por:


•Sazonalidade: Variações típicas do mês (ex: férias, feriados).

•Ações de Marketing: Impacto esperado de campanhas promocionais.

•Crescimento: Projeção de expansão do e-commerce ou novos serviços.


Passo 3: Projete as Saídas (Despesas)


Separe as despesas em categorias para maior clareza:


•Despesas Fixas: Aluguel, salários, softwares, contabilidade. São previsíveis e devem ser lançadas com precisão.

•Despesas Variáveis: Impostos (PIS/COFINS, ICMS), comissões, custos de embalagem. São proporcionais ao faturamento projetado.

•Pagamento a Fornecedores: Esta é a variável mais crítica. Projete os pagamentos com base nas compras já realizadas e nas compras futuras necessárias para manter o estoque.


Passo 4: O Fator Estoque: O Grande Dreno de Caixa


O estoque é, muitas vezes, o maior investimento da farmácia e o principal dreno de caixa. Uma PFC eficaz deve estar intimamente ligada à gestão de estoque.


•Ação Estratégica: Use a projeção de vendas para determinar a necessidade de compra. Evite compras excessivas que imobilizam capital. A PFC deve indicar o momento ideal para a recompra, alinhando o pagamento do fornecedor com o recebimento da venda.


Passo 5: Análise de Cenários


A incerteza do mercado exige que o gestor trabalhe com diferentes hipóteses, criando uma Análise de Cenários.


•O Cenário Otimista (ex: crescimento de 10% acima da média) deve levar a ações como planejar investimentos ou negociar descontos por volume de compra.


•O Cenário Realista (manutenção da média histórica) serve como base para manter o plano de compras e despesas.


•Já o Cenário Pessimista (ex: queda de 15% nas vendas) exige ações imediatas, como identificar despesas a serem cortadas ou negociar prorrogação de dívidas.


Transformando a Projeção em Lucro: Ações Estratégicas


A PFC não é um fim em si mesma; ela é o ponto de partida para ações que impactam diretamente a rentabilidade:


•Otimização de Compras e Negociação: Com a projeção em mãos, o gestor sabe exatamente quando terá dinheiro em caixa. Use essa informação para negociar prazos de pagamento com fornecedores que se alinhem aos seus recebimentos. Por exemplo, se a maior parte dos recebíveis de cartão entra na primeira semana do mês, negocie o pagamento dos principais fornecedores para essa mesma semana.


•Gestão de Excedentes: Se a projeção indicar um saldo positivo significativo, o gestor pode planejar investimentos de curto prazo (aplicações financeiras de alta liquidez) ou antecipar o pagamento de dívidas caras, reduzindo os custos financeiros.


•Ações Preventivas: Se a PFC apontar para um saldo negativo futuro, o gestor tem tempo para agir: buscar linhas de crédito mais baratas, promover campanhas de vendas para gerar caixa rápido ou renegociar despesas antes que o problema se instale

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Conclusão

A Projeção de Fluxo de Caixa é a ferramenta que diferencia o gestor que reage do gestor que pilota o negócio. Em um mercado em constante evolução, como o farmacêutico, a capacidade de antecipar e planejar é o verdadeiro diferencial competitivo.


Comece hoje a transformar seus dados financeiros em uma cultura de antecipação. Deixe de ser refém do passado e utilize a PFC para guiar sua farmácia rumo ao crescimento sustentável e à Farmácia

 
 
 

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